terça-feira, 20 de julho de 2010

Caminhos

Andando por aí, atrás de um suporte, porque não queria ajuda integral, só uma coisa que sustentasse por um período pré-estabelecido. Achado o suporte, pensou: como a gente muda. Antes queria eternidade, mas vem a vida, decepciona, então procura por algo efêmero mas intenso, prova, não quer mais. E agora ? Eternidade, de novo ? Ciclo ? Reta ? Que fazer ? Por que tem de haver definição prévia ? Um foco a se seguir, um ponto ( de preferência lá na frente ). Posso escolher não ter um ? Posso caminhar sem optar ? Posso, por favor ? Por enquanto, pelo menos, acho melhor não definir nada, deixa assim, que as coisas se encaminham naturalmente, pois a não-escolha também é uma, de fato.

Agorinha

É que eu não caibo em mim mesma, e olha que não me acho tão grande assim – internamente. Aí eu vi porque errava: eu procurava em outras pessoas um espacinho vazio pra preencher de mim. Eu não posso procurar por essas pessoas e tentar preenchê-las, porque não seria uma troca. Não que eu viva de trocas, que tudo dependa de uma troca, mas eu não cresceria, e, cá entre nós, eu sou egoísta nesse ponto. Quero crescer, acrescentar, somar. Então eu vi que tinha de achar pessoas que não coubessem nelas mesmas, pois estas estariam buscando alguém para despejar, também, o excesso que se tem, e quando se têm pessoas com excessos e sem espaços, não tem saída a não ser retirar o dispensável – e sempre se retira mais que o necessário – e aí se completa: com o outro, em partes iguais, e crescem, juntos, e tudo fica certo, ou errado, não importa, mas é uma troca, de experiência, palavras, não importa.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Coronéis subjugando as mentes

Gostaria de manifestar o meu repúdio àqueles que exercem a ditadura da hipótese: não suporto ver pessoas vendendo o que pensam como verdade científica. Dentre as vendas, incluem-se todos os tipos: religião, política, amor, ética... Eu tenho, simplesmente, asco sobre tal comportamento, como impor idéias muitas vezes infundadas sobre qualquer aspecto, e mais, de forma pessoal e fechada. Quereria eu, se me fosse permitido, vasculhar a mente de cada um desses seres humanos e compreender o porquê dessas construções. Aliás, adoraria entender como se processam estes pensamentos, como surgem “do nada” e pululam certas cabecinhas, dando-lhes a certeza de coisas, muitas vezes, intangíveis. Como diria Gregório: “não sabem governar a sua cozinha, mas podem governar o mundo inteiro”.

pessoa perfeita

Já repararam como às vezes temos necessidade de ficar só e junto, e de alguém que nos entenda ? Soa meio piegas essa coisa de sozinho-acompanhado, mas é a realidade – pelo menos pra mim. Aprecio tanto a ausência das pessoas, e quando me presenteiam com o vazio, recuso. Não quero, simplesmente. Estive pensando se isso não é natural do homem, mesmo. Essa coisa de nunca se contentar, de mudar sempre de foco. Queimar navios e arrepender-se. E mesmo que a busca pela pessoa perfeita exista, na verdade buscamos a nós mesmos, com nossos defeitos, pois já aprendemos a lidar com a maioria – e aqueles que forem insuportáveis a nós mesmos, que venham amenizados. Aí a gente diz: é a pessoa perfeita. Pra gente.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Fé. Escrevi essa palavra inúmeras vezes antes de começar esse texto, talvez por achar que a insistência trouxesse algo pronto à mente, ou por acreditar piamente que o exercício repetido de tê-las em meus dedos a acentuaria pra mim. Fé. Com todas essas promessas anuais eu resolvi fazer uma que realmente valesse à pena: aumentar minha fé. Esqueci-me, porém, que não sei como, nunca ouvi alguém dizer: ei, pacotes de fé embalados à vácuo, 3 por 2. Seria tão mais fácil. A questão é que prometi, aliás, apenas desejei que esse fosse um dos inúmeros desvios de rota pra minha vida, ou, quem sabe, retorno à rota original.
Esse meu ceticismo na vida tornou tudo mais cansativo. Hoje, mais do que nunca, sei que “não adianta ir com muita luta e pouca fé” e não o contrário. Mas me pergunto: por que é tão simples pra maioria das pessoas, parece tão verdadeiro, dócil e ingênuo, por que não posso ter, não posso permitir que inunde minha vida e que eu não precise de respostas pra tudo, precise apenas acreditar ? É horrível, logo pra mim, que sei todos os contos de fadas, quase todos os personagens de desenhos - conheço a magia, mas não a sinto. Ei, eu fui falsa ? Eu repasso, eu dôo, mas não sinto. Pode existir ? Eu sinto em parte, mas eu não quero partes, quero algo integral, algo que vá fundo e diga: é isso, pronto, ou então: não, não quero viver assim. Mas eu já sei a resposta antecipada, eu trapaceio antes de experimentar meu próprio jogo recém-criado. Não tenho porque se tiver um pouco não vou voltar atrás. Sempre achei que a certeza era para aqueles que não amavam o bastante, e eu queria amar – o bastante. Vejo que a certeza absoluta, essa sim, é para aqueles que amam o bastante. Mesmo que a possibilidade que você esteja certo seja remota, que a sua certeza seja de fada-dos-dentes visitando seu travesseiro. Ame sua intuição. Arrisque-se, por favor. Bastante esclarecedor.

Obs: Essa fé que falei não foi sobre religião, embora acredite que um aumento substancial na mesma sempre é bem-vindo.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

laços

"... Há semanas ela vinha pensando naquela conversa que ocorrera na segunda. Cada palavra soara como um objeto pontiagudo perfurando cada camada de pele, lentamente, sem anestesia, dor física confundindo-se com a psicológica.
Chegara a conclusão que laços sempre fizeram isso com ela. No começo, o êxtase do inovador, do diferente, tomando conta de cada célula do seu corpo. Depois, a responsabilidade da escolha, pacto, seja lá que denominação devia receber. Era eterno, sabia, e sabia antes de sê-lo. Poderia ter evitado, mas a segurança é o próprio perigo, suprimia a dose extra de adrenalina.
Tarde demais. Depois que duas almas entrelaçam-se é tarde demais. Como duas coisas sem forma, compostas de, quem sabe, luz e ondas, romperiam-se ? Talvez uma resultasse maior que a outra depois da divisão, achava que era isso mesmo que ocorrera. Por isso sentia-se oca - em parte. Aquela outra alma havia levado um pedaço da sua. Não acontece em qualquer amizade, além da escolha havia a compatibilidade, como enzimas de restrição. Tivera sorte em ter os dois, e ficara feliz em saber que uma fatia sua estaria sempre com alguém que já fora, um dia, inteiramente seu ..."

segunda-feira, 5 de abril de 2010

polo norte

Esferas hermeticamente isoladas, convivendo somente em um mesmo espaço, incomunicáveis. Acho que já foram, algum dia, englobadas, lisogênicas, não hoje. Mas quem sabe, o mundo está cheio dessas esferas multicoloridas, redondas, e tudo o que é redondo gira, e tudo que gira tem um ciclo, e todo ciclo se repete.

cronômetro

Porque aquela sensação ruim que a gente sente é aquilo, e só tem aquilo, um momento, milionésimos de segundos repetindo-se incontáveis vezes, iguais, pausas insignificantes aos olhos. Porém, ultrapassa. São diferentes, com transições "picoscópicas", perceptíveis apenas num todo.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

fix you

Eu só queria vir aqui dizer o quanto você estava errado. Não que eu goste de apontar seus erros, como você sempre dizia, nem de te ver tentando incobri-los e revertê-los para mim. A questão é que agora se passam mil coisas à cabeça, gostos no nariz, cheiros nos olhos e olhares na boca. E apesar de odiar essas confusões numa só direção, uma carga imensa de uma vez, sem avisar, sem pedir licença para entrar, eu queria mesmo era dizer que você continuava sendo uma das melhores pessoas que eu já havia conhecido, e que era incrível ver em você todos os defeitos que eu odiaria ver em uma só pessoa. Era extremamente dolorido vê-los assim, insuportáveis, tornando-se suportáveis porque estavam em você, e vinham camuflados por esses olhinhos; de brinde. Sempre seria doce. Eu realmente não me importava em tê-los, desde que viessem com essa pessoa, perto, ou longe, mas sabendo que estavam no único ser que importava.



o único.

terça-feira, 30 de março de 2010

átomos

21:14

Talvez se deixasse levar pelo caminho incerto, para ter algo a experimentar e dizer: não gostei. Havia mil coisas em sua mente, mas todas tangiam num único ponto. Como poderia ter permitido algo ocupar tanto espaço ? Estava nos livros, na bolsa, na janela, no escovar dos dentes pela manhã na varanda... Sempre tinha um átomo da sua presença em qualquer direção/sentido que olhasse, os quais formavam pequenas moléculas que se uniam, e quando menos percebia, haviam tomado conta dos átomos que formavam seu corpo. Pensava que essa busca incessante por algo/alguém tinha se subvertido e se transformado em pseudo-existência, mas não, isso poderia se aplicar a qualquer pessoa, menos pra ela. Era tarde, aquilo já fazia parte do seu corpo.

21:22

domingo, 3 de janeiro de 2010

Sobre pessoas e coisas

Conhecemos alguém e aceitamos que essa pessoa entre em nossas vidas e sabemos que poderá nos causar dor, e que o bem não vem só. Mas a gente insiste, e não é nem pelo fato do “positivismo”, não é porque acreditamos cegamente que aquela era “a pessoa” que viria e nos tornaria imune a qualquer tipo de dor. Saberíamos, no fundo, que aquela pessoa traria enormes problemas no futuro, e que quando aquele dia chegasse iríamos desejar sete vezes não a termos conhecido, mesmo que os bons momentos prevalecessem, desejaríamos mais ainda por lembrarmos dos bons momentos. E pensaríamos em como o ser humano é frágil, é influenciável e é sociável.

Normalmente “precisa-se” de alguém, de um ponto fixo, impiedosamente estável. Supondo encontrar esse ponto inexorável, despejamos todas as incertezas, como uma caixa, como se viesse um manual dizendo: “deposite aqui suas fraquezas para que se algo der errado essa parte esteja inviolável” e a gente obedece. E deposita. Confiantes no plano B esquecemos do que foi guardado, até que descobrimos que havia falhas e que estas eram significativas. Nos desesperamos e prometemos que jamais consideraríamos qualquer coisa como absoluta, até inventarem um outro tipo de tecnologia que promete fazer o impossível e nos ludibria. Mas gostamos disso. Porque a gente gosta de falsas tecnologias que tocam no nosso ponto fraco e anunciam resolução. Ficamos completamente encantados com a promessa de solucionar o que no passado nos tirou o sono que esquecemos de outros problemas vindouros, e falhamos. Quer dizer, não sei se posso considerar uma falha, mas funciona como uma armadura específica e única, você está cansado de ralar o joelho e compra uma dessas, mas esquece que ainda existem os cotovelos. E não sabemos o que fazer, porque não queremos comprar milhares de proteções pra cada parte do corpo, mas temos medo de usar só os patins. E são esses emaranhados de pequeninas coisas que ocupam a maior parte da nossa mente, mesmo sabendo que não há solução. São só coisas, emaranhados insolúveis e completamente comuns, daqueles que permanecem e nos acostumamos, mas de vez em quando nos vemos tentando solucionar e nos questionar por que nunca nos livramos deles.
Ps: entendo mas não aceito.