
Desde pequena, ainda quando mal sabia multiplicar dezenas, descobriu que gostava de intensidade. Cresceu e, milagrosamente, não mudou de idéia. A intensidade sempre fez parte de sua vida, mesmo que, às vezes, de forma indireta. Quando, finalmente, achou que havia se enganado, lá vinha ela de novo, provar seu destino. Todos os dias, ao acordar, pedia ao Ser que regia o mundo a mesma coisa: vivacidade. Não aceitaria de forma alguma uma vida mediana, aliás, não suportaria tal vida. Sabia que havia algo mais lá fora, e queria provar de tudo, porque o tempo era curto e não perdoava. Não aguentava escutar histórias melancólicas de pessoas mornas, e achava absurdo quando as mesmas não se lamentavam por isso. Não estou dizendo que era um exemplo de alegria, não era, e agradecia por isso. Viver ultrapassava esses parâmetros invariáveis, e odiaria se tivesse que permanecer a mesma. Gostava mesmo era das diversas emoções que, felizmente, estavam ao alcance de todos, mas que nem todos sabiam. Como é triste ter tudo e não saber usar, é como uma criança que tem brinquedos mas não tem amigos: são só duas mãos para a infinidade. Ao final, restava aceitar esse comportamento - e o seu, em segredo, levava como um presente.